Por Pe. Matias Soares Pároco da Paróquia de Santo Afonso Maria de Ligório - Conj. Mirassol - Natal
A nossa Arquidiocese tem uma história muito intensa de articulação, promoção e protagonismo do seu Laicato. Essa façanha tem no Movimento de Natal a sua maior referência. Não se trata de saudosismo, nem anacronismo; mas, acima de tudo, de reconhecimento desse maravilhoso fato que, nos dias atuais, está um pouco arrefecido.
Muitos sinais ainda são perceptíveis. Contudo, somos chamados a reconhecer que novos horizontes precisam ser contemplados, para que possamos adentrar até águas mais profundas. A nossa pastoral é muito clericalizada, sacramentalista e de sacristia. Em tempos de pós-pandemia, somos chamados à ousadia. As paróquias parecem mais feudos do que lugar de aproximação dos distantes. Não é à toa que a palavra paróquia quer dizer “casa de estranhos, estrangeiros”. A partir desta noção, já temos uma diretiva e o porquê da preocupação da V Conferência de Aparecida da conversão missionária das paróquias.
Uma revitalização se faz necessária. As luzes conciliares, traduzidas nas quatro últimas conferências latino-americanas, já foram acesas, e agora com o magistério e testemunho pastorais do Papa Francisco, que denuncia amiúde o clericarismo, deveriam ser recepcionados. Parando para ver o cenário, será que conseguimos acolher, internalizar e praticar estas diretivas? O que nos falta, enquanto Igreja Particular de Natal? Mesmo que em outro contexto, sem cairmos em anacronismos, por que seis padres fizeram o que quase duzentos ainda não conseguimos, que é promover esse protagonismo, com mais parresia?
Esses e tantos outros questionamentos poderiam ser meditados em nossos encontros de zonais e vicariatos! Nós temos algumas estruturas, mesmo que estejamos carentes de um Centro Pastoral arrojado, e podemos sim inteligir que sem o envolvimento dos Fiéis Leigos em todas as instancias da sociedade, nós teremos muitas dificuldades de ser sal da terra e luz do Mundo. Continuaremos a viver correndo atrás das celebrações sacramentais, principalmente daquelas que têm alguma retribuição de taxas, e faltando naquelas que exigem também muito de nós, como é o caso dos sacramentos da confissão e da unção dos enfermos.
Enfim, deixo aqui estas provocações e espero ser acolhido nas minhas preocupações. Não podemos nos cansar de querer o bem, mesmo quando a escuridão parece querer bater às nossas portas para nos amedrontar e desafiar. Mas, com a força do Espírito Santo, conseguiremos projetar o que Deus nos inspira. Assim o seja!