A Páscoa é sobre isso
- pascom9
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Diác. Eduardo Bráulio Wanderley Netto
Paróquia de São Camilo de Léllis - Lagoa Nova - Natal
“No primeiro dia da semana, bem de madrugada, as mulheres foram ao túmulo de Jesus, levando os perfumes que haviam preparado. Encontraram a pedra do túmulo removida. Mas ao entrar, não encontraram o corpo do Senhor Jesus, e ficaram sem saber o que estava acontecendo. Nisso, dois homens, com roupas brilhantes, pararam perto delas. Cheias de medo, elas olhavam para o chão. No entanto, os dois homens disseram: «Por que vocês estão procurando entre os mortos aquele que está vivo?” Lc 24, 1-5. A pergunta dos dois homens com roupas brilhantes continua válida e está atualíssima. Qual será o motivo de nossa “cegueira” ainda hoje?
A cena do túmulo vazio é sempre muito desafiadora. Ao sepultar Jesus, como o costume da época, a pedra da sepultura era colocada e o acesso ao corpo ficava impedido. Essa pedra continua a nos interrogar. Talvez o nosso humano seja muito senhor-administrador do tempo e do espaço e nós continuamos a parar nas pedras dos túmulos. A tentação maior é o dar-se por satisfeito com a pedra.
Hoje a pedra do túmulo de Jesus está tão burilada, tão adornada, tão rebuscada, tão cheia de pedras preciosas que nós nos deixamos satisfazer ao vê-la, ao tocá-la. Também a pedra pode se colocar como intermediária. Uma verdadeira pedra no meio do caminho, como que tendo o poder de tocar o sagrado e apenas transmitir o eco que vem lá de dentro. É uma pedra encantadora.
O túmulo de Jesus está sem a pedra. Sem interrupção. Sem intermediário. Sem barreiras. A verdade do ressuscitado é assim, uma porta aberta, escancarada. Da mesma forma que entrou no cenáculo (lugar da ‘cena’ ou ceia em português) com as portas fechadas, o ressuscitado poderia ter deixado o túmulo sem precisar romper com a pedra. Mas não o fez. Precisamente para nos mostrar que Ele se oferece abertamente a todos, a todos, a todos.
O então cardeal Bergoglio, no encontro ecumênico da Comunión Renovada de Evangélicos y Católicos en el Espíritu Santo – CRECES de 2009, em Buenos Aires, faz um discurso muito impactante e nos pergunta mais uma vez: por que estamos procurando entre os mortos aquele que está vivo? Ele nos pede para deixarmos de nos envolver com a pedra tentadora e lançarmos um olhar de esperança. Nossos problemas são verdadeiras pedras, mas nossa fé é rica em esperança. Ele vive! A última fronteira da realidade humana, a morte, está vencida.
Nós, por vezes, fabricamos problemas, nos envolvemos emocionalmente neles e nos deixamos paralisar diante deles. Ou damos ‘cabimento’ para os problemas reais sem o olhar de esperança. Nos entretemos e fomentamos a nossa capacidade de controlar as coisas. Nos sentimos, assim, senhores das situações, mas um só é o Senhor e Ele está vivo.
Não vamos buscar entre os mortos, entre as pedras mortas, aquele que vive, completa o hoje Papa Francisco. Busquemos no nosso coração aquele que vive. Que um dia fez morada na minha e na sua vida. Nosso encontro pessoal. Busquemos na Galiléia de nossos corações o primeiro amor. Viver a Páscoa do Senhor é testemunhar que Ele vive e vivo está entre nós. A Páscoa é sobre isso.