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 ARTIGO - A Eucaristia nos escritos de Montfort 

 

Diác. Paulo Gabriel Batista de Melo

Capelania Nossa Senhora do Loreto

 Ordinariado Militar do Brasil

 

Uma de suas obras mais conhecidas, ficou cem anos desaparecida, pois, o inimigo de Deus lutou para impedir que o mundo a conhecesse. Intitulada “O tratado da verdadeira devoção a Nossa Senhora”, levou milhões de pessoas a se consagrarem a Mãe do Cristo.

Em suas reflexões, Monfort aponta três razões para que um cristão católico procure a Sagrada Eucaristia:

. o desejo de Cristo “Minha carne é realmente comida”

. o desejo da Igreja (o Concílio de Trento);

. é muito benéfico para nós (LS 337).


Hoje como queremos ver a santidade naqueles que Deus chamou para o Oficio Divino de servi-lo? Queremos ver a sua espiritualidade, São Luiz de Monfort faz um alerta aqueles que deram seu sim a Jesus.

Como a vida de um padre gira em torno do Santíssimo Sacramento do altar, incluindo a Missa, ação de graças, preparação e distribuição da Sagrada Comunhão, ele salva ou perde sua alma conforme faz bom ou mau uso deste Sacramento.

 

            A eucaristia é o nosso maior tesouro, é a grande riqueza da Igreja, sem ela nada podemos fazer como disse o próprio Jesus “sem mim nada podereis fazer”, logo, buscar a Eucaristia é ter a certeza de um caminhar com Cristo, o Leão de Judá. (Cf. Ap 5, 5).


            São Luis Maria Montfort, foi ordenado presbítero, e creio é o santo que mais propagou a sagrada devoção à Virgem Maria. Ele nasceu no dia 31 de janeiro do ano de 1673 em uma cidade conhecida por Montfort-La-Cane, na antiga Bretanha, hoje França, e foi ordenado sacerdote da Igreja Católica em 5 de junho de 1700. Seus escritos foram tão profundos que acabou por influenciar os papas Leão XIII, Pio X, Pio XII e João Paulo II.


Tão grande era seu amor a Jesus Sacramentado que as pessoas que o viam celebrando e expondo o Santíssimo Sacramento eram levadas ás lágrimas, é o que está descrito na obra Jesus Vivendo em Maria: Manual da Espiritualidade de São Luís de Montfort, um amor puro que contagiava as pessoas, veja se consegue mergulhar nessa profundidade deste relato:


Depois de ter recebido um relato em primeira mão, Blain descreveu uma procissão que foi organizada por Montfort durante uma missão e na qual “o Santíssimo Sacramento foi carregado”: ​​​​“depois de alguns momentos de recolhimento silencioso diante de Jesus Cristo entronizado em um altar... ele se fez à multidão com tanta força e persuasão que todos os presentes desataram a chorar”.

 

Era assim que Monfort amava Jesus na Eucaristia. E é assim que devemos nós também nos aproximarmos do ‘Pão Vivo’ (Cf. Jo 6, 51), na Hóstia Santa, tesouro da Igreja.

Se quisermos saber se um Ordenado da igreja caminha bem com Cristo devemos observar sua espiritualidade, seu amor a Eucaristia e a Vigem Santíssima como o fez Montfort.


            Besnard faz um relato do que viu em uma celebração de Montfort, segundo ele era como um anjo no altar, e aprendemos com esse relato, que a santidade do celebrante faz toda diferença para o fiel.


Devoto durante sua inspiração, ele era como um anjo ao dizer a missa, tal era a impressão daqueles que o observavam dizendo a missa ou durante sua ação de graças, que ele sempre fazia na igreja. A grandeza dos mistérios e a santidade do celebrante atingiram a congregação com força.

 

            As pessoas que tinham a oportunidade de ver Montfort após a celebração também ficavam a contemplar seu amor por Jesus na Eucaristia e eram tocadas.

Essa confiança de santidade foi reservada pela primeira vez no Hospital de Poitiers; observando-o recolhido, imóvel, perdido em Deus na capela após a missa, as pessoas pobres diziam umas às outras: 'Venham ver um homem santo.

 

            Além de ser um santo celebrante, ele escreveu importantes contribuições para nossa igreja, tão fortes foram que tocou diversos santos padres, moldou em santidade milhões de fiéis católicos. Seu amor a Jesus Eucarístico chegou ao nível mais elevado que se poderia chegar. Aprofunda contemplação deste mistério tão lindo, como o disse santo Agostinho, “Oh beleza tão antiga e tão nova”.

Ele escreveu o Santíssimo Sacramento com tanta devoção e fervor e com tanta dignidade que a fé daqueles que o observavam aumentavam. Sua fé o desenvolveu com respeito a Jesus Cristo, Deus e homem, cujo corpo estava presente no altar, e onde quer que estivesse, sua fé o tornou profundamente consciente da presença de Deus, cuja imensidão preencheu o universo. Daí o semblante recolhido e devoto que ele mostrou em todos os lugares.”

 

            Tanto a vida devocional, como os escritos de Monfort, o fizeram tão conhecido e admirado por padres, bispos e papas, e uma gigante devoção surgiu em todo mundo pelas consagrações a Deus por Maria Santíssima.


            A sua maior preocupação não eram os postulados teológicos, ou uma rebuscada linguagem para teólogos e filósofos, sua atenção era voltada para os fiéis da Igreja, o que ele realmente queria era ajudar o povo a aumentar a fé e o amor a Jesus na Eucaristia.


            Alguns pontos eram muito importantes para o Santo Montfort, dentre eles podemos destacar o ‘Sacramento do altar’, a ‘Sagrada Comunhão’, a ‘Missa’ e por fim a ‘Eucaristia e Maria’.


            Nos diz a espiritualidade Montfortina ao falar sobre a eucaristia que Deus não queria deixar-nos sem a convivência dEle, e não queria existir sem estar conosco. Esse é um amor tão grande por nós, apesar de ser pequenos e pecadores, o amor de Deus é tão infinito, sua misericórdia e incompreensível.

Jesus nos deixou a Eucaristia: “A Sabedoria Eterna, por um lado, desejou provar seu amor pelo homem morrendo em seu lugar para salvá-lo, mas, por outro lado, não suportou a ideia de deixá-lo. Então, ele inventou uma maneira maravilhosa de morrer e viver ao mesmo tempo, e de permanecer com o homem até o fim dos tempos.

 

            O santo Montfort, mais do que ninguém, sabia desse amor tão grande de Deus por nós, por isso, tentava com todas as suas forças retribuir ao ‘Rei das Nações’ (Cf. Ap 15, 3; Jr 10, 7), o amor que ele tem por nós, nas palavras de Santo Agostinho, devemos “amar o amor como ele quer ser amado”, e não segundo as nossas conveniências.


            Fui palestrante em um congresso eucarístico na cidade de Campo Grande – MS, e nele ouvi outros palestrantes também, um deles era o Cardeal seu amigo, Dom Eusébio Scheid. O congresso havia sido organizado pelo Padre Marcelo Tenório, um padre de uma rica espiritualidade, que até o primeiro milagre que canonizou Carlo Acutis se dá em sua paróquia.


            Neste congresso, um dos palestrantes, professor do seminário de Campo Grande – MS, disse que ‘quando comungamos ficamos cristificados’, pois comungamos o Corpo de Cristo, seu Sangue, sua Alma e sua Divindade. Também Montfort afirma o mesmo ao dizer que, “estava fortemente reforçado de que a Sagrada Comunhão conformava o homem e sua vida a Cristo: quando um homem apenas recebe Jesus Cristo. Ele se torna outro Cristo. É necessário com seu espírito e sua vida”.


            Os congressos eucarísticos, para quem já teve a oportunidade de participar, é um rico aprofundamento sobre Jesus Eucarístico, a maior riqueza da Igreja, alimento para nossa lida nessa vida e para nossa salvação.


Diácono Gabriel e o Cardeal Dom Eusébio Scheid

Palestrantes do Congresso Eucarístico - MS


Para o santo de Montfort, a Sagrada Comunhão foi largamente abordada em seus sermões e podia ser recebida de três formas:

.  Comunhão fervorosa: em estado de graça

.  Morna: o fiel com pecados veniais

. Indignada: o fiel comungante estava em pecado grave.


São Luis Maria Grignion de Montfort observava a importância do estado de graça para os comungantes, em especial ao abordar em suas missões de preparação dos fiéis, ao dizer que “a Sagrada Comunhão deve ser precedida pela renovação das promessas batismais e pela confissão. Ele enfatiza a importância de preparar as crianças para sua primeira Comunhão durante a missão por meio de uma boa confissão”.

O santo francês,  “dava mais ênfase ao Comunhão do que ao Sacrifício da Missa”, em virtude de seu elevado valor, o próprio Deus na Terra. Ele criou muitos hinos que catequisava o povo. Havia hinos para todas as partes da Missa, em especial da consagração e pós comunhão, ação de graças.

           

REFERÊNCIAS

EE - CARTA ENCÍCLICA ECCLESIA DE EUCHARISTIA DO SUMO PONTÍFICE JOÃO PAULO II. Disponível no site do Vaticano. www.vatican.va. Acesso em 13 de fevereiro de 2025.

 

PP BENTO XVI. A EUCARISTIA  NOS ANGELUS DO PAPA BENTO XVI. https://www.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/angelus/2005/documents/hf_ben-xvi_ang_20051009.html. Acesso em 13 de fevereiro de 2025.

BENTENCOURT, Estevão. Cristologia. Rio de Janeiro: Mater Ecclesiae, 2009.

RATZINGER, Joseph. PP Bento XVI. Jesus de Nazaré: da entrada em Jerusalém até a ressurreição. São Paulo: Planeta, 2011.

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