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ARTIGO - A recepção do Sínodo: no barco, juntos

Por Diác. Eduardo Wanderley Paróquia de São Camilo de Léllis - Lagoa Nova - Natal Na semana passada, iniciamos um caminho para conhecermos o documento final do Sínodo dos Bispos. Nos debruçamos sobre a primeira parte, os fundamentos da sinodalidade, e, de forma particular, sobre a necessidade do cuidado dos vínculos (no 48). Hoje falamos sobre as pessoas, lembrando que no mar de Tiberíades, seguindo um chamado de Pedro, os Apóstolos se puseram a pescar. Hoje, o sucessor de Pedro nos convida a olhar para a barca e reconhecer quem está ao nosso lado.


Logo no início da segunda parte, intitulada NO BARCO, JUNTOS, lembramos da necessidade da conversão das relações: "com o Senhor; entre homens e mulheres; nas

famílias; nas comunidades; entre todos os cristãos; entre grupos sociais; entre religiões; com a criação." (no. 50). Somos chamados a uma verdadeira "conversão relacional", isto é, uma revisão das nossas relações, seguida de uma ressignificação, à luz do evangelho, do eu-tu-nós.


Os bispos nos chamam a atenção para uma triste realidade: as guerras e conflitos armados. Mas também nos lembram que "igualmente letal é a convicção de que toda a criação, até mesmo as pessoas, pode ser explorada à vontade para fins lucrativos. Essa é a consequência das muitas e variadas barreiras que dividem as pessoas, mesmo nas comunidades cristãs, e limitam as possibilidades de alguns em comparação com aquelas desfrutadas por outros: desigualdades entre homens e mulheres, racismo, divisão de castas, discriminação de pessoas com deficiências, violação dos direitos de minorias de todos os tipos, falta de disposição para receber migrantes." (no. 54)


Depois desse quadro geral, o documento passa a destacar algumas particularidade. O no. 60, por exemplo, nos lembra que "homens e mulheres gozam de igual dignidade no Povo de Deus. No entanto, as mulheres continuam enfrentando obstáculos para obter um reconhecimento mais pleno dos seus carismas, da sua vocação e do seu lugar nos vários setores da vida da Igreja [...]". O diaconato feminino continua em estudo, ao mesmo tempo que basta olharmos para as nossas igrejas para percebermos que a diaconia, mesmo sem o sacramento da ordem, é abundante por parte das mulheres. Ainda se apela para que a pregação, a catequese, se abra aos testemunhos, ao contributo de mulheres "santas, teólogas e místicas" (no. 60).


Crianças, portadoras de grande potencial missionário; jovens, sensíveis aos valores da fraternidade e da partilha; pessoas com deficiência, tantas vezes promotoras ativas da evangelização; e as famílias, que são "protagonistas e não apenas destinatários da Pastoral Familiar" (no. 64) completam esse quadro de navegantes leigos (isto é, não ordenados) na barca de Pedro de nossos tempos.


Já para o ministério ordenado, também navegante nessa barca, somos chamados ao serviço da harmonia. Nada é mais belo que tratar com dignidade um servo. Somente algo é ainda mais bonito: o servo tratar com alegria o patrão. Todo ministro ordenado é servo do povo de Deus. Está inserido nesse povo com essa tarefa. Tem funções específicas na condução da barca: fazer com que todos (todos, todos) se sintam seguros.


Por fim, o documento trata dos ministérios não ordenados, sejam instituídos (leitor, acólito e catequistas na igreja latina), mas também os designados por um rito litúrgico como os ministros extraordinários da sagrada Comunhão ou mesmo os simplesmente reconhecidos. Clamam os bispos com o Papa por uma participação mais ampla dos leigos e leigas nos processos decisórios e nos discernimentos eclesiais (cf. no 77).


Tudo isso, meus irmãos e irmãs, requer de nós, antes de tudo uma escuta espiritual. Cada um de nós, de acordo com a bondade de Deus em nos dar carismas, faz parte dessa trama tissular que é a Igreja. Mãos a obra!

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