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ARTIGO - Na hora "H" seja racional

Por Diác. José Bezerra de Araújo

Assistente eclesiástico da Pastoral da Comunicação


“Os ambientes onde vivemos influem sobre a nossa maneira de ver a vida, sentir e agir. (...) Esforçamo-nos por nos adaptar ao ambiente e, quando este aparece desordenado, caótico e cheio poluição visual e acústica, o excesso de estímulos põe à prova as nossas tentativas de desenvolver uma identidade integrada e feliz”. A afirmação é do Papa Francisco, na Carta Encíclica Laudato Si, sobre o Cuidado da Casa Comum, quando ele aborda a questão da Ecologia da Vida Cotidiana (LS,157).


Ao abordar a questão, o Papa Francisco não desenvolve apenas uma teoria. Ele mostra, na verdade, uma realidade que diz respeito a toda e qualquer criatura humana e ao ambiente em que essa criatura humana – você! – vive, trabalha e desenvolve seus relacionamentos com as demais pessoas e com o ambiente em que você e os demais vivem. Esse ambiente é a “casa comum” de todos que ali habitam. Por isso, deve ser bem cuidado para que se torne cada vez mais aprazível, acolhedor. Ao contrário, quando tal ambiente não é bem cuidado, torna-se doentio e incapaz de proporcionalizar boas relações entre os que ali habitam.


Atualmente, faz-se necessário um olhar cuidadoso ao entorno do ambiente em que cada criatura humana vive para torná-lo ainda mais acolhedor. E este cuidado não está ocorrendo atualmente com a “Nossa Casa Comum” chamada Brasil. Os incêndios – a maioria provocada, portanto de origem criminosa – que atualmente maculam e poluem os céus do País, revelam uma visão totalmente contrária ao que Papa Francisco propõe na Laudato Si. A falta de cuidado para com a “Casa Comum” de cada brasileiro.

Os que “ateiam fogo” no Brasil têm um propósito escuso, inconfessável, porém sempre visando tirar proveito. São pessoas buscam o lucro, não importa quais danos possam causar à Natureza e às pessoas que habitam os lugares – como os indígenas, pequenos produtores familiares, a fauna e a flora. Esses insensatos são os adeptos do “quanto pior melhor”, desde que alcancem seus objetivos, sejam eles políticos ou financeiros ou os dois.


Você poderia perguntar – o que tenho eu a ver com isso? Não sou responsável pelo que essa gente ruim está fazendo...”. Puro engano! Quando você votou em alguém que defende o lucro acima de tudo, mesmo tendo que destruir os biomas do País, você tem “culpa no cartório”, sim, como diz o adágio popular. Você deu poder àquela pessoa que agora age contra os interesses do País, ou do Estado, ou do Município e, portanto, seu também.


E não se engane. Na sua casa comum – o município, a cidade, ou a rua em que você reside – há também aqueles que se apresentam como bons representantes do povo, mas na verdade irão defender os próprios interesses. O convite é não votar por interesses próprios, nem porque tal pessoa é amiga, ou lhe fez promessas – “se eu for eleito, eu lhe prometo...”, mas mediante um programa de governo consistente ou, no caso do legislativo, defender propostas do interesse da comunidade – sua Casa Comum.

Mas não basta votar e deixar o eleito seguir atuando sem acompanhar o trabalho dele. Você precisa acompanhar a atuação do eleito, seja para o cargo executivo ou legislativo, e cobrar dele o cumprimento das promessas de campanha, independentemente de sigla partidária. Lembre-se do que diz o Papa Francisco: “O reconhecimento da dignidade peculiar do ser humano contrasta frequentemente com a vida caótica que têm de fazer as pessoas de nossas cidades”(LS, 154). O convite, portanto, é votar nos que têm compromissos sérios e concretos com as pessoas e suas comunidades. Vota-se, então, não pela cor político partidária nem pela “paixão” por este ou aquele candidato, mas de forma racional, ou seja, pelo que tem propostas e projetos capazes de tornar sua “casa comum” um lugar bom de viver.

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