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ARTIGO - O Pacto Educativo e a Campanha da Fraternidade

Por Pe. Matias Soares

Pároco da Paróquia de Santo Afonso Maria de Ligório - Conj. Mirassol - Natal


A nossa Igreja Particular de Natal, em comunhão com tudo o que a catolicidade viverá, em dois mil e vinte cinco, com as projeções do Sínodo sobre a sinodalidade e o Jubileu, com o tema “peregrinos da peregrinos da esperança”, também está a organizar as suas ações pastorais. Para isso, há necessidade de assumirmos propostas claras e objetivas, que devem ser desenvolvidas internamente, e também temáticas que mediarão as nossas relações com a sociedade, tendo em vista a dimensão social da nossa ação evangelizadora (cf. Envangelii Gaudium, cap. IV). Considerando o seu histórico, a Arquidiocese de Natal é chamada a dar continuidade ao seu protagonismo, assumindo a tarefa daquela que sempre soube ser Mãe e Mestra do povo de Deus que a compõe, resgatando o autêntico “espírito do Movimento de Natal”. Nele os ensinamentos do Vaticano II não ficaram nas ideias. Tornaram-se ações efetivas e transformadoras da realidade, com seus sinais de pecados estruturais e desafios emergentes. Em nossos dias, deveríamos nos sentir provocados a perceber os sinais dos novos tempos e tentar, à luz do Evangelho, a anunciar e testemunhar os valores do Reino de Deus, que nos levam ao genuíno espírito profético.


O Compêndio da Doutrina Social afirma que “a Igreja vive e atua na história, interagindo com a sociedade e a cultura do próprio tempo, para cumprir a sua missão de comunicar a todos os homens a novidade do anúncio cristão, na concretude das suas dificuldades, lutas e desafios, de sorte que a fé os ilumine para compreendê-las na verdade de que ‘abrir-se ao amor de Cristo é a verdadeira libertação’. A pastoral social é a expressão viva e concreta de uma Igreja plenamente consciente da própria missão evangelizadora das realidades sociais, econômicas, culturais e políticas do mundo” (cf. 524). Com os princípios do Pacto Educativo Global e os objetivos traçados à consecução da Campanha da Fraternidade dois mil e vinte cinco, tendo em vista que esta última começou em nossa Arquidiocese, temos os nortes para apresentarmos em todos os espaços e circunstâncias sociais um discurso que nos legitima para tratar e reivindicar a nossa missão enquanto sacramento de salvação para o ser humano em sua integralidade e inserido numa “ecologia integral” (cf. Laudato Si, cap. IV).


Para defesa do Pacto Educativo em nosso estado, precisamos ter presente que trata-se de “reavivar o compromisso em prol e com as novas gerações, renovando a paixão por uma educação mais aberta e inclusiva, capaz de escuta paciente, diálogo construtivo e mútua compreensão”, convidando todos a “unir esforços numa ampla aliança educativa para formar pessoas maduras, capazes de superar fragmentações e contrastes e reconstruir o tecido das relações em ordem a uma humanidade mais fraterna”, afirma Francisco. O que todas as instituições do nosso Rio Grande do Norte são chamadas a fazer é unir esforços para abraçar essa causa nobilíssima. As bolhas ideológicas precisam abrir-se às possibilidades deste grande Pacto que terá por objetivo a promoção do bem comum, a dignidade de cada potiguar e o seu desenvolvimento integral. Só com o investimento na educação, um povo consegue avançar no processo civilizatório e de libertação.


Com a Campanha da Fraternidade de dois mil e vinte cinco, a Igreja trará, mais uma vez, o desafio global e nacional da crise ecológica para os nossos cenários, sejam eclesiais, mas também para os ambientes seculares. O seu objetivo geral visa “promover, em espírito quaresmal e em tempos de urgente crise socioambiental, um processo de conversão integral, ouvindo o grito dos pobres e da terra” (cf. Texto Base, pág. 7). Para isso, devemos assumir o significado das categorias ‘cuidado e sustentabilidade’. Temos que ver a realidade, discernir e agir, considerando os problemas que em nosso contexto norte-rio-grandense afligem a nossa casa comum e as pessoas que naquelas circunstâncias vivem, sempre com o olhar para a totalidade. Temos que conversar sobre ela e assumir os seus problemas socioambientais. Para isto, faz-se necessário o envolvimento da sociedade e seus canais representativos para que a abordagem seja tratada responsavelmente por todos.

Nos compromissos do Pacto e nas finalidades da Campanha há confluência de intenções. No sétimo compromisso, há o propósito de “cuidar e cultivar a nossa casa comum, protegendo os seus recursos, adotando estilos de vida mais sóbrios e visando energias renováveis e respeitosas do meio ambiente”. Nos nossos contextos paroquiais e municipais em todo o estado, com o dinamismo das três Arqui(Dioceses) que fazem a nossa província eclesiástica, podemos fazer uma grande mobilização sinodal, com o envolvimento das demais comunidades cristãs, órgãos públicos, movimentos sociais, universidades, escolas, ministério público e, o mais importante, os cidadãos de modo geral, para alcançarmos as metas almejadas. Todas as atividades eclesiais podem assumir essas duas demandas de modo transversal. Desta forma, teríamos condições de demarcar e ofertar caminhos da Igreja para a sociedade. A saída missionária, querida pelo Papa Francisco, passa por essas vias. A dimensão pública da fé é condição urgente e necessária à uma Igreja que tem clareza da sua responsabilidade, que emerge do coração do Evangelho. A Igreja de Natal não pode perder a memória da sua história. Vamos em frente. Assim o seja!

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