top of page

ARTIGO - O acompanhamento espiritual: uma breve introdução

Por Pe. José Marcos Silva de Lima

Diretor espiritual do Seminário de São Pedro

 

O Acompanhamento Espiritual (AE) é uma prática bastante antiga na igreja. Os tempos mudam e as formas de acompanhamento espiritual também. Nos primeiros séculos do cristianismo com a forte influência do monaquismo anacorético (Antão,Máximo,Evágrio) e posteriormente cenobítico (Pacômio, Basílio, Agostinho, Bento) o acompanhamento espiritual dos padres monásticos tinha como base a figura do próprio pai espiritual, o abade, que dirigia seus discípulos com conselhos práticos e regras. No caso dos padres do deserto, com as chamadas sentenças dos pais ou com as regras comunitárias, no caso do monaquismo cenobita, que teve em Bento de Núrsia o grande sintetizador da vida monástica no ocidente, pela via da oração e do trabalho.


Costuma-se chamar de direção espiritual a atitude de alguém idôneo e experimentado na vida cristã, conduzir pessoas num determinado itinerário espiritual. Esse nome pode parecer bonito, mas, é válido lembrar que o verdadeiro diretor espiritual de nossa vida de fé é o próprio Espírito Santo, que dirige nosso caminhar na busca incessante de Deus. Atualmente convém chamarmos essa prática de acompanhamento espiritual, uma vez que cada pessoa na sua intimidade com Deus, faz um caminho que é muito particular. Nesse sentido o acompanhador espiritual vai ajudando ao acompanhado nesta aventura de querer fazer a descoberta de Deus na vida.


Um ponto necessário a ser esclarecido é o de que o acompanhamento espiritual não pode ser confundido com acompanhamento psicoterapêutico ou algo do tipo. Os dois podem até se complementarem, mas são tipos de acompanhamentos essencialmente distintos. No acompanhamento psicoterapêutico a pessoa trata de seus vazios existenciais que lhe impedem de viver uma vida feliz e realizada. Já o acompanhamento espiritual irá tratar das dificuldades de se praticar efetivamente aquilo que está relacionado à sua fé dentro da dimensão espiritual de sua religião. Como exemplo apresentamos a dificuldade de orar, a dúvida referente a escolha do estado de vida, as distrações na celebração litúrgica, etc. É claro que às vezes um tipo de acompanhamento acaba levando ao outro, mas sempre lembrando que são distintos.


Toda pessoa que sente necessidade de buscar uma relação mais pessoal com Deus e se aprofundar na sua fé pode e deve buscar o acompanhamento espiritual. Esse acompanhador pode ser o sacerdote (de preferência), um consagrado ou consagrada, ou mesmo um leigo espiritualmente idôneo que tenha um grau de testemunho cristão capaz de ajudar os outros em sua caminhada espiritual.


Que todos os cristãos redescubram o valor do acompanhamento espiritual e possam desfrutar dessa prática tão antiga e que já formou tantos santos e santas que se santificaram na escola da oração e do evangelho.

bottom of page