Dom Jaime Vieira Rocha Arcebispo de Natal
Prezados(as) leitores(as)!
Desde a última segunda-feira, dia 22, até esta sexta-feira, os padres de nossa Arquidiocese de Natal vivenciaram a experiência anual do Retiro Espiritual. Momento especial de silêncio, oração, reflexão e descanso, para renovar a vida, o ministério e a fé presbiteral.
O pregador, Pe. Fabio José Leite, salesiano, atualmente exercendo seu ministério na Arquidiocese de Olinda e Recife, focou suas reflexões dando atenção ao sentido pneumatológico da vocação e do ministério. O sentido pneumatológico, referente ao Espírito Santo, ajuda o presbítero a entender que a sua vida e o seu ministério deve ser sempre sob a ação do Espírito Santo, Pessoa divina, aquele que une Pai e Filho. Tendo como citação bíblica inicial a palavra de Jesus na Sinagoga de Nazaré, na leitura que fez da profecia de Isaías: “O Espírito do Senhor está sobre mim”, o pregador argumentou sobre as características do presbítero, animado pelo Espírito. A presença e a ação do Espírito Santo na vida do presbítero faz dele um místico, pastor, profeta e servidor. Desenvolvendo cada característica dessa na vida do presbítero, o pregador chamou a atenção para a necessidade de uma Pneumatologia, isto é, a doutrina sobre a Pessoa do Espírito Santo. Ele está presente no momento da criação (cf. Gn 1,1), agiu nos Patriarcas, Juízes, Profetas, Reis e Sábios. No Novo Testamento vemos o Espírito agir em situações pontuais, envolvendo personagens que estavam em relação com a vida do Messias. Em Maria, para que ela concebesse o Filho do Altíssimo (cf. Lc 1,35), em Isabel, após ouvir a saudação de Maria (cf. Lc 1,41), em Zacarias, após o nascimento de João Batista (cf. Lc 1,67), em Simeão, que esperava a consolação de Israel e toma em seus braços a glória do povo de Israel (cf. Lc 2,25-27). Mas, o Espírito está presente de modo pleno em Jesus Cristo, o prometido de Deus para salvar o seu povo. Ele recebe o Espírito no Jordão ao ser batizado por João (cf. Lc 3,22). O mesmo Espírito o conduz ao deserto e pela força do Espírito vence as tentações (cf. Lc 4,1). Jesus inicia seu ministério de pregador do Reino de Deus com o poder do Espírito (cf. Lc 4,14) e assume assim a profecia de Isaías: “o Espírito do Senhor está sobre mim”. Esse Espírito, presente em Jesus, será dado aos seus discípulos no dia da Ressurreição (cf. Jo 20,22).
A ação do Espírito Santo nos discípulos e discípulas será bem expressa no livro dos Atos dos Apóstolos, onde o Espírito é visto com características pessoais de comando, de envio, de livramento e de organização das comunidades findadas pelos Apóstolos. Partindo justamente da realidade pessoal do Espírito Santo, Ele é Senhor que dá a vida, conforme professamos no Símbolo Niceno-constantinopolitano, não somente o presbítero, mas todo batizado é envolvido pelo Espírito para uma relação, uma união íntima que o habilita para a caridade pastoral, experiência que o leva a vencer a acídia, um vício que leva ao desânimo, ao relaxamento da disciplina, ao cansaço.
As reflexões do retiro foram embasadas no Decreto sobre a vida e o ministério dos presbíteros Presbyterorum Ordinis, do Concílio Vaticano II, na Exortação Apostólica Pós-sinodal Pastores dabo vobis, de São João Paulo II, no Diretório para a vida e o ministério do presbítero, do Dicastério para o Clero. Rogamos ao bom Deus nesses dias de oração por todas as paróquias, movimentos e serviços que são acompanhadas, formadas e administradas pelos nossos padres. Que a presença do Espírito Santo os santifique cada vez mais e todos possam estar unidos no mesmo Espírito, fazendo crescer o Corpo de Cristo, a sua Igreja.