Diác. Eduardo Wanderley Paróquia de São Camilo de Léllis - Lagoa Nova - Natal
Irmã Simona Brambilla, das Missionárias da Consolata, foi eleita pelo papa Francisco, nesse dia 06 de janeiro, como prefeita do Dicastério para a Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica. É a primeira mulher a ascender ao cargo de prefeito de um dicastério romano. O futuro bate à porta!
Falando de vida consagrada e de futuro, me lembrei da carta apostólica do papa Francisco, por ocasião do ano da vida consagrada, de 21 de novembro de 2014. O Papa estatui três fases temporais na vida consagrada, mas serve muito bem para todos nós: o passado, o presente e o futuro. Mais precisamente como interpretar o passado, como viver o presente e como sonhar o futuro.
É bastante comum ouvirmos frases como "o excesso de passado é depressão e o excesso de futuro é ansiedade. Viva o presente". Mas o Papa põe tudo em harmonia naquela carta. Olhar o passado com gratidão, olhar o presente com paixão e olhar o futuro com esperança.
Sobre o passado, diz o papa: "Não se trata de fazer arqueologia nem cultivar inúteis nostalgias, mas de repercorrer o caminho das gerações passadas para nele captar a centelha inspiradora, os ideais, os projetos, os valores que as moveram, a começar dos Fundadores, das Fundadoras e das primeiras comunidades". Nós todos temos a aprender com o passado, mas precisamos, primeiramente, olhá-lo, mesmo os erros cometidos, com gratidão. Agradecer o lugar que chegamos. Agradecer o dom da vida. Agradecer nossos pais, avós, bisavós, que nos permitiram estar nesse tempo e nesse espaço. A gratidão é uma bela flor no jardim de nossa existência.
"Viver com paixão o presente significa tornar-se «peritos em comunhão», ou seja, «testemunhas e artífices daquele 'projeto de comunhão' que está no vértice da história do homem segundo Deus». Numa sociedade marcada pelo conflito, a convivência difícil entre culturas diversas, a prepotência sobre os mais fracos, as desigualdades, somos chamados a oferecer um modelo concreto de comunidade que, mediante o reconhecimento da dignidade de cada pessoa e a partilha do dom que cada um é portador, permita viver relações fraternas." O presente nos chama à prática do evangelho, nosso maior 'vademecum'. A comunhão não é uma bela teoria, mas uma decisão. Ela exige de nós corações ardentes que nos desinstalam e nos põem a caminho.
Sobre o futuro, o papa nos diz: "A esperança de que falamos não se funda sobre números ou sobre as obras, mas sobre Aquele em quem pusemos a nossa confiança (cf. 2 Tm 1, 12) e para quem «nada é impossível» (Lc 1, 37). Esta é a esperança que não desilude e que permitirá à vida consagrada continuar a escrever uma grande história no futuro, para o qual se deve voltar o nosso olhar, cientes de que é para ele que nos impele o Espírito Santo a fim de continuar a fazer, conosco, grandes coisas." E ainda faz eco com Bento XVI: "Não vos unais aos profetas de desventura [...]". O futuro não é o número de benfeitorias que cada um de nós ajuda a construir. O futuro é a esperança. Nunca podemos repisar as tristezas ou sermos anunciadores das catástrofes. Nós somos profetas da esperança porque o evangelho é a "Boa Nova", a "Boa Notícia". Viver o futuro é viver a esperança.
Por fim, olhando agora para nossa Arquidiocese, podemos ver um tempo de esperança que começa. Ressalto o papel protagonista de muitos religiosos em nosso solo arquidiocesano. De forma particular, dedico esse artigo às irmãs consagradas que unem esforços, seus talentos, seus dons, nas comissões de nossa Igreja particular: na catequese, na pastoral, no sínodo... Vivamos nós todos a esperança! Vivamos o futuro que já chegou!